quarta-feira, 18 de junho de 2008

A ESTRANHA LÓGICA DO NEOSINDICALISMO

Foto: Adunimep

Nas últimas décadas, o sindicalismo brasileiro tem sofrido um grande processo de evolução e de mudanças que seriam impensáveis e inconcebíveis outrora. Essas instituições vêm crescendo significativamente por influência das altas demandas impostas por governos descomprometidos com a classe trabalhadora. Isso fez com que os sindicatos se estruturassem e ampliassem suas estruturas físicas e de mão-de-obra.

Por outro lado, as direções sindicais, por falta de conhecimento de legislação específica, têm negligenciado alguns direitos de seus próprios trabalhadores. Inúmeras são as entidades que estão atoladas em reclamações trabalhistas e débitos com encargos sociais.

Na contra-mão de reivindicações históricas como a redução da carga horária sem redução de salários, a saúde no ambiente de trabalho, a valorização profissional, a ampliação do poder de compra, entre outras, eles (os neosindicalistas) têm promovido uma verdadeira política de arrocho debaixo do seu próprio teto. Se apurarmos superficialmente, observaremos a terceirização de algumas funções, o controle eletrônico de ponto* (atualmente em moda no ambiente sindical), o corte de salário em faltas, que na maioria das vezes são justificáveis, entre vários outros pontos.

Tais ataques a seus próprios funcionários são inaceitáveis para suas próprias categorias, que até mesmo em greve rechaçam anotação de faltas e corte de salários!
Na verdade, da mesma forma que os neosindicalistas profissionalizam seus dirigentes e terceirizam seus pensamentos aos doutores das universidades, deveriam se aperfeiçoar em administrar suas “empresas”, propiciando assim um melhor ambiente de trabalho aos seus “empregados”.

*Relógio de ponto

Desde décadas, sobretudo após a revolução industrial, passou-se a utilizar em vários locais de trabalho – empresas e industrias - e ultimamente também nos sindicatos, o polêmico relógio de ponto, para registrar saídas, entradas, horas extras e horas bestas e enfim, reduzir um dia de trabalho a números, mesquinhos números.

Regra geral, o relógio de ponto torna-se estressante, um limitador do processo criativo e sufocador das relações de trabalho. O que não pode acontecer, em hipótese alguma, é o chefe transferir a culpa do seu comportamento ditatorial a um instrumento eletrônico, tornando o chefe implacável e o dono do tempo. Sendo assim, tal apetrecho torna-se só, e somente só, um desprezível “dedo-duro”.

Em grandes e modernas empresas multinacionais e nacionais, instituições dinâmicas, inovadoras e arrojadas, líderes nos mais diversos mercados, os colaboradores (empregados na nossa realidade) têm uma grande flexibilidade de horários e são avaliados pela produtividade, pelo potencial de criação e pelo desempenho, não pelo tempo que ficam com a “bunda na cadeira”. Nessa condição, não são escravos do tempo, têm-no como aliado.

Em pleno século XXI, adotar o tempo como um processo meramente quantitativo é, no mínimo, um retrocesso. Já passou da hora de primar pela qualidade e intensidade das coisas e não pela medida delas.

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